[Resenha] Dark House - Karina Halle

Há sempre algo fora do normal em Perry Palomina. Embora ela esteja vivendo uma crise ao passar pela síndrome pós-faculdade, assim como qualquer garota de vinte e poucos anos, ela não é o que chamaríamos de comum.Perry possui um passado que prefere ignorar, e há também o fato de que ela consegue ver fantasmas. Tudo isso vem a calhar quando se depara com Dex Foray, um excêntrico produtor que está trabalhando em um webcast sobre caçadores de fantasmas. 

Dex, que se revela um enigma enlouquecedor, arrasta Perry para um mundo que a seduz e ameaça sua vida. O farol de seu tio é pano de fundo de um mistério terrível, que ameaça a sanidade da moça e faz com que ela se apaixone por um homem que, como o mais perigoso dos fantasmas, pode não ser o que parece.

Resenha

Assim que soube que a Única Editora iria enviar o livro Dark House pra mim, minha animação e minhas expectativas subiram e a única coisa que pude fazer foi começar desesperadamente a leitura assim que o livro chegou. Graças ao subtítulo "Experimente o Terror" na minha cabeça eu tive a ideia de que iria ler um livro com uma estória macabra, com acontecimentos sobrenaturais, e que encontraria Terror. O que não foi exatamente o que aconteceu. 

Perry é uma mulher de vinte dois anos de idade que não possui o melhor emprego do mundo (ela é recepcionista), e não está nada satisfeita com isso. Teve uma infância um tanto quanto turbulenta. Enquanto as crianças brincavam uma com as outras acompanhadas de seus brinquedos, Perry ficava solitária, rodeada de amigos imaginários. Na adolescência, durante o Ensino Médio, Perry estava gorda para os padrões dos outros alunos e continuava mais solitária que nunca. Acabou se metendo com drogas e bebidas, e para completar cortava os braços para chamar atenção das outras pessoas. Todo esse passado conturbado fez com que eu admirasse Perry, ela ter superado todos os seus problemas e seguido em frente. 

Ela sempre e vitima de pesadelos realistas e assustadores, e isso é algum dos elementos que criam tensão para o livro. 

"As luzes se apagaram. A porta se abriu abruptamente, quase sem som, e um grande jorro de vento ártico atingiu meu corpo, fazendo a camisola esvoaçar ao meu redor como um bandeira rosa de poliéster. 

(...) Na porta, via a silhueta de um homem. 

Meu coração e a batida pararam. O homem veio ate mim, uma massa de imensurável malevolência. Eu gritei e gritei ate que as profundezas escuras dessa silhueta eram tudo o que eu podia ver. Eu cai nele, cai na escuridão, num choro sem fim"

Um certo dia Perry e a família vão para a casa do tio. Perry acaba sendo guiada pela curiosidade para o farol que fica a pouca distancia da casa do tio, o farol que guarda mistérios e lendas. O que parecia ser apenas uma expedição, se tornou o alicerce de acontecimentos meio fora do normal. Lá ela encontra um cara com uma câmera e juntos eles vivem algumas situações bem bizarras. Porém, esse misterioso homem some de vista repentinamente, sem deixar rastros. 

No decorrer dos dias, Perry acaba ajudando a irmã na atualização de post de seu blog de moda, já que a irmã ficou doente. Perry não faz ideia do que postar, afinal de contas ela não se da muito bem com a moda e com nada do gênero. Então ela tem a ideia de publicar os acontecimentos do farol. O que deveria ser apenas um simples post bizarro, se tornou um sucesso, os internautas enviavam centenas de perguntas para Perry, curiosos pelo acontecimento no farol. 

Com todas as visualizações, Perry recebe um telefonema de Dex, o homem que ela encontrou no farol, dizendo que ele trabalha em produção de curtas-metragens e que gostaria que Perry participasse com ele, devido sua escrita e sua aparição diante da câmera. Perry acaba concordando, e eles fazem um acordo de voltarem no farol e fazer uma matéria para mostrar os mistérios que o cercam. 

O livro tem sim algumas partes tensas, mas são miseras as que assustam, quase inexistentes. Acredito que toda essa coisa de filmar o sobrenatural fez com que a tensão do livro já quebrasse de primeira. Sempre que os personagens estavam filmando algum evento "creppy" eu imagina se as pessoas que o visse iriam acreditar ou não. Já que no mundo moderno a tecnologia pode fazer efeitos inacreditáveis. 

Não é mistério pra ninguém que quando vemos dois personagens já imaginamos que os dois vão viver uma paixão devastadora. Porém em Dark House a autora praticamente não despertou o romance. Ela apenas fez com que a protagonista sentisse um certo sentimento pelo rapaz, mas nada muito sério. Eu diria que o sentimento é unilateral. Em vários momentos eu tentava desvendar Dex, ver se ele gostava ou não de Perry, e me senti totalmente dividido em relação a isso. Contudo, acho que essa omissão do romance foi boa para a série. De um lado, o romance faz com que você não crie laços com os personagens, porém de outro, dá oportunidades para a autora desenvolver bem o romance nos próximos livros, e assim não deixar a relação muito abrupta. 

Halle não conseguiu me conquistar com os protagonistas... e nem com os personagens secundários. Há inúmeros livros que te conquistam com um simples personagem, que te motiva a ler mais e mais. Já nesse não houve nenhum personagem do gênero. Mesmo que o livro seja narrado em primeira pessoa e foque apenas naquilo que acontece com Perry e naquilo que ela pensa, acho que a autora deveria ter aberto brechas para a aparição e desenvolvimento de outros personagens. 

A autora é do gênero que abre inúmeras perguntas e fecha o livro sem respostas, principalmente nas ultimas cenas, que abre inúmeras perguntas e deixa o leitor com a mãos abanando. Isso pode deixar alguns leitores furiosos, mas esse seria um bom motivo para eu continuar a leitura dos próximos livros. 

O livro é bom, misterioso, e bem divertido. Porem não supriu minhas expectativas, não foi nem de perto o que eu achei que seria. Então se você pretende ler, contenha as expectativas e mergulhe no livro sabendo que não verá nada muito aterrorizador, apenas o sobrenatural de sempre. 

"-Primeiro devo deixar registrado: eu não acredito em fantasmas. Mas eu realmente acredito no Mal e acho que mora naquele farol." 

"E através da fenda, vi um olho. Um olho velho e com uma maquiagem pesada olhando para mim, com o rosto apertado contra a porta."

Resenha de Luiz Gustavo Prado